segunda-feira, 4 de julho de 2011

Fome psicológica: por que comemos além da fome?

Nome dado à necessidade fisiológica que o ser humano tem de se alimentar para obter energia, a fome nem sempre está ligada somente à manutenção do funcionamento do corpo. Muitas vezes, ela serve como válvula de escape para diversos outros problemas emocionais ou até mesmo carência de vitaminas, tornando-se psicológica.

Segundo a psicóloga Rosane Nascimento e Silva, do Centro de Pesquisa em Psicanálise e Linguagem (CPPL), do ponto de vista fisiológico, determinadas carências de vitaminas intensificam a sensação de fome e precisamos comer para nos sentirmos nutridos.

"Comemos também de acordo com o aspecto da comida - o visual, o cheiro, o formato - e para aliviar uma dor ou tensão, fatores comuns em mulheres que sofrem de TPM, por exemplo, quando sentem mais necessidade de doces", acrescenta.

Além dos fatores hormonais e fisiológicos, as situações de tensão e ansiedade também agem como grandes desencadeadores do aumento ou falta de apetite. As situações de compulsão alimentar geralmente estão atreladas a fatores como perdas e lutos.

"Quando o indivíduo se alimenta, mesmo após atingir suas necessidades orgânicas, está apenas suprindo fatores emocionais. É fundamental estabelecer as diferenças entre sensações e comportamentos, bem como entre apetite e fome. O descontrole da fome psicológica pode causar o desenvolvimento dos transtornos de compulsão alimentar", revela a endocrinologista Maria Juliana Arruda, do Hospital Jayme da Fonte.

Dentre os transtornos ansiosos e os obsessivo-compulsivos, a ingestão de comida aparece como um sintoma secundário. Nesta categoria, encontramos diversas formas de expressão para as síndromes que se caracterizam como hiperfagia (ato de comer compulsivamente), que pode ou não estar associada a perturbações psicológicas.

"Dentre as mais conhecidas estão a bulimia nervosa, ataques de hiperfagia e preocupação excessiva com o controle do peso corporal. Neste caso, as questões socioculturais têm tido grande influência, além dos fatores fisiológicos e desdobramentos psicológicos. No caso da hiperfagia em si nem sempre está associada a um quadro bulímico e, na maioria das vezes, ocorre como reação a eventos angustiantes", explica a psicóloga. Para largar esse "vício" de comer além da conta, é preciso buscar auxilio de um psiquiatra, endocrinologista e nutricionista.

A endocrinologista comenta que alguns hábitos devem ser colocados em prática na tentativa de controlar este problema alimentar. Uma modificação no estilo de vida, com utilização de medidas comportamentais, é a melhor maneira de manter o equilíbrio da saúde física e mental. "Tentar consumir uma maior variedade de alimentos nutritivos, fazer pequenas refeições a cada três horas, mastigar bem os alimentos, ter uma boa ingestão de água, praticar atividades físicas regularmente e, principalmente, evitar suprimir e ingerir grandes quantidades de alimentos hipercalóricos são essenciais para uma mudança saudável de comportamento", analisa.

Existem, ainda, os casos em que a utilização de remédios é a melhor forma de controlar o impulso pela comida. Neste mecanismo, são utilizados os sacietogênicos e os anorexígenos. De acordo com Maria, ainda pode ser complementado com um antidepressivo, quando a pessoa está apresentando este quadro e procura o alimento como forma de saciedade.

A endocrinologista afirma que mudar a forma de se alimentar não é tarefa fácil, pois todo o comportamento alimentar envolve questões físicas e emocionais difíceis de serem alteradas e que são as principais responsáveis pelo fracasso das dietas.

"O tratamento, nesses casos, deve ser multiprofissional, envolvendo médicos, psicólogos e nutricionistas, no qual o indivíduo, para emagrecer e permanecer magro, deve mudar o comportamento alimentar, reeducando os seus hábitos, identificando e desvinculando a ansiedade do comportamento alimentar", finaliza.

Com informações de Carolina Pain (MBPress).

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