domingo, 24 de julho de 2011

Estudo relaciona infertilidade masculina à falta de proteína

Cientistas encontraram uma causa potencial para uma série de casos inexplicáveis de infertilidade masculina: a ausência da proteína DEFB126, que permite ao esperma chegar ao óvulo com mais facilidade. As informações são do New York Times.

No estudo, publicado na Science Translational Medicine, os pesquisadores relatam que a substância é gerada por um gene específico e que homens com duas cópias defeituosas deste gene não produzem a proteína. A descoberta aconteceu durante uma pesquisa sobre um método anticoncepcional masculino em forma de vacina.

De acordo com os cientistas, o problema atinge cerca de um quarto dos homens. "Muitos podem ser capazes de superar a mutação, pois outros fatores, como o número, forma ou mobilidade dos espermatozóides ajudam a fertilizar o óvulo", explicou o autor do estudo Gary Cherr. No entanto, quando os outros fatores não são tão robustos, a mutação tem um impacto dramático na vida do casal.

A proteína é secretada pelo epidídimo, onde os espermatozóides são armazenados, após serem produzidos nos testículos. Sem a substância, os espermatozóides têm cerca de 20% menos probabilidade de penetrar o muco na entrada do colo do útero de uma mulher e entrar no trato reprodutivo. "Sem a proteína os espermas poderiam entrar no aparelho e serem rapidamente despachados como 'invasores estrangeiros'", disse Cherr.

Em uma análise de 500 casais na China que estavam tentando ter um filho, os pesquisadores descobriram que os homens com duas cópias do gene anormal tinham 30% a menos de chances de ter um bebê durante cerca de dois anos. O grupo levou quase dois meses a mais para engravidar as respectivas mulheres do que casais em que o homem não sofria a mutação.

"Nossos dados sugerem que os casais em que o homem possui o gene anormal demora um tempo significativamente maior para conceber um filho em um período de 12 meses", afirmou Cherr. Apesar da dificuldade, para a maioria dos casais, é improvável que os genes anormais ou a falta da proteína iniba a chance de reprodução, segundo o pesquisador.

Cientistas discordam

Alguns especialistas em fertilidade afirmaram que a pesquisa foi muito preliminar para provar que a mutação afeta a capacidade de fertilidade entre casais. "Eu não sei exatamente o que significa ainda", disse Robert Oates, professor de urologia da Boston University School of Medicine. "Isso se aplica à população que estou vendo em Boston? Nós não sabemos ainda", concluiu ele.

Já Dolores Lamb, professor de urologia da Baylor College of Medicine e presidente eleito da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, disse que "o caso realmente é uma coisa real. (...) O probelma está afetando a função do esperma e eu acho que foi dada pouca atenção a isso.

Tratamento

O autor do estudo, Gary Cherr, disse que seria relativamente simples desenvolver um teste para a mutação, que poderia ser realizado em uma clínica ou em casa. O cientista prevê um tratamento com creme ou gel para restabeler a proteína em questão.

Por enquanto, o pesquisador afirmou que se os casais encontram uma mutação dupla, poderiam evitar exames caros de fertilidade e serem submetidos a tratamentos de com inseminação direto no óvulo da mulher. O diagnótstico da mutação genética poderia sugerir uma opção ainda mais barata para os casais: "dar um tempo mais longo, talvez esperar pouco mais de um ano", sugeriu Cherr, uma vez que alguns chineses, mesmo com os genes defeituosos, conseguiram conceber um filho.

Com informações do Terra.

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