segunda-feira, 16 de maio de 2011

Respirar pela boca prejudica o desenvolvimento da face da criança

De acordo com dados do International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC), a rinite atinge cerca de 26% das crianças e 30% dos adolescentes no Brasil. A rinite é uma doença caracterizada pela inflamação das mucosas do nariz que causa espirros, coriza, obstrução nasal e coceira no nariz e na garganta. Gerson Köhler, ortodontista e ortopedista-facial explica que uma das implicações da obstrução nasal é a respiração bucal.

— Respirar pela boca interfere diretamente no crescimento e desenvolvimento da face infantil — ressalta.

A obstrução nasal gera deficiências na capacidade de aquecimento, umidificação e filtração do ar pelas narinas, favorecendo que o ar seja inspirado pela boca. Como a respiração compõe as funções vitais do organismo, qualquer desequilíbrio causa inúmeras alterações em diferentes órgãos e sistemas.

— Alterações no crescimento do crânio e da região dentofacial, na qualidade do sono, no desempenho escolar, na fala, na alimentação e na postura corporal são algumas das consequências da respiração bucal — pontua.

Juarez Köhler, também especialista em ortodontia e ortopedia facial, afirma que a respiração bucal é um dos sintomas mais comuns na infância e seus efeitos são devastadores, trazendo consequências para o resto da vida se não houver o tratamento precoce e adequado.

— As alterações interferem na qualidade de vida da criança. Desde o nascimento o organismo está programado para respirar pela via aérea nasal e assim deve ser durante toda a vida, mesmo que haja resistências a passagem de ar pelo nariz — observa.

A respiração bucal influencia ainda o sono das crianças. Ronco, baba noturna, síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono são alguns dos problemas que dificultam uma boa noite de descanso, ocasionando dificuldades de atenção, concentração e de aprendizagem e hiperatividade.

— Dormir com a boca aberta prejudica ainda o equilíbrio interno e externo da boca e dos músculos, inclusive da língua. O desequilíbrio na musculatura facial gera uma deficiência funcional importante e significativa — evidencia.

A alteração na musculatura prejudica a mastigação e a deglutição, fazendo com que a criança não se alimente de forma adequada. Ela pode se cansar e não comer o suficiente ou comer em excesso e rápido, resultando em magreza ou obesidade.

— Além das alterações posturais dos órgãos fonoarticulatórios, a criança ainda sofre com mal posicionamento da cabeça em relação ao pescoço, influindo nocivamente sobre a coluna, principalmente cervical. Os pais devem ficar atentos a respiração dos seus filhos e procurar o profissional adequado assim que notarem qualquer modificação — recomenda Nilse Waltrick Köhler, fonoaudióloga e especialista em Distúrbios Miofuncionais e em Motricidade Orofacial.

A fonoaudióloga acrescenta que quanto mais cedo o tratamento tiver início, menores serão as consequências e a intensidade das implicações.

— É fundamental analisar o grau de obstrução nasal e a realização de exames específicos com médicos otorrinolaringologistas que esclareçam as principais causas da respiração bucal. O tratamento deve agir diretamente na origem do problema para que a solução seja eficaz, aumentando a qualidade vida dos pacientes — destaca.

O diagnóstico e tratamento devem ser feitos por uma equipe multidisciplinar, composta por no mínimo um médico, um fonoaudiólogo e um ortodontista, tendo em vista a complexidade do problema.

— O médico irá tratar a obstrução nasal, o ortodontista ou ortopedista facial irá corrigir as alterações dentárias e o fonoaudiólogo será responsável pela reeducação e adaptação da respiração através da adequação das funções orais e equilíbrio da musculatura — finaliza Nilse.

Com informações de Bem-Estar.

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