quarta-feira, 20 de abril de 2011
Uso excessivo de anti-inflamatórios e sal pode levar à insuficiência renal
A evolução da doença renal pode levar à falência do órgão, tornando inevitável a necessidade de reposição renal, como hemodiálise, diálise peritoneal ou transplante renal.
Obesidade, consumo excessivo de sal, baixa ingestão de água e uso indiscriminado de anti-inflamatórios: estes hábitos inadequados, resultado do estilo de vida moderno, são fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença renal, lesão caracterizada pela perda progressiva e irreversível da função do rim. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, a doença renal crônica atinge 11% da população, sendo que deste montante cerca de 90% não sabe que tem o problema, já que é uma doença silenciosa e sem sintomas aparentes nos primeiros estágios.
São cinco estágios que definem a capacidade de filtração dos rins. Pode-se dizer que caso o órgão perca até 50% da sua capacidade, não há danos representativos ao paciente. Com a perda de mais de 50%, começam a surgir sinais de que os rins não estão conseguindo filtrar suficientemente, provocando alterações nos exames de sangue (elevação da creatinina e ureia), com evolução crônica e lenta até necessitar de diálise ou transplante. Quando identificada precocemente, há como tornar mais lentas e até prevenir as complicações decorrentes desta doença, pois os rins interferem em vários sistemas do organismo.
Transplante
De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), de janeiro a dezembro de 2010, foram realizados 4.630 transplantes renais, representando um aumento de 8% em relação a 2009. O Estado campeão de transplantes foi São Paulo, totalizando mais de 2 mil órgãos transplantados.
O transplante renal pode ser realizado em todo indivíduo portador de doença renal crônica em estádio V, isto é, quando a filtração é menor que 10%. No caso de crianças com menos de dois anos, e adultos acima de 70 anos, as condições para o procedimento devem ser avaliadas em cada caso. Geralmente, o grupo de risco para a doença renal é formado por idosos, obesos, diabéticos, hipertensos ou pessoas com histórico familiar. É muito importante que o paciente realize exames de urina e dosagem de creatinina no sangue, anualmente. Uma vez necessário o procedimento, há um longo caminho de medicamentos para impedir a rejeição do órgão.
De acordo com a nefrologista Zita Maria Leme Brito, antes que um quadro de doença renal crônica evolua, é melhor prevenir e evitar a necessidade de terapia renal substitutiva (hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal).
— Hábitos alimentares saudáveis, com baixo teor de sódio, prática diária de exercícios físicos, além de controle da pressão arterial, glicemia, obesidade e acompanhamento de qualquer alteração da função ou morfologia renal, são maneiras de ter uma vida mais saudável e evitar este mal que atinge uma parcela significativa da população — explica.
Mudança de hábitos
Estudos apontam que a redução de 3 g no consumo diário de sal diminuiria em 13% os casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e em 10% as doenças isquêmicas do coração. Por isso, a médica acrescenta que a necessidade de controle do consumo do sal na alimentação já virou questão de saúde pública, já que o uso abusivo pode causar hipertensão arterial e derrames cerebrais, além de ser um fator determinante para desencadear patologias renais, devido ao acúmulo de sódio e à facilidade de formação de cálculos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente, o brasileiro consome cerca de 13 g de sal por dia. A expectativa é que, até 2020, o consumo de sal pela população brasileira seja reduzido em 50%, alcançando os 5 g (uma colher de chá) de sal por dia.
Os pacientes também devem ficar atentos ao uso indiscriminado de anti-inflamatórios, que pode agravar o quadro clínico. Como sua administração não é controlada, essas substâncias são vendidas livremente nas farmácias. Os anti-inflamatórios inibem a prostaglandina, enzima responsável pelas funções dos rins. Sendo assim, o uso destes medicamentos é contraindicado por pacientes que já possuem problemas renais. Caso não tomem este cuidado, o problema pode evoluir para um quadro de insuficiência renal aguda, devido à falta de proteção da enzima.
Com informações de Bem-Estar.
Foto: Fernando Gomes.
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