sábado, 16 de abril de 2011

Odontopediatras investem em recursos para motivar as crianças a cuidarem da boca e dos dentes


Profissionais que atuam em odontopediatria se aperfeiçoam e equipam os consultórios para ganhar a confiança dos pequenos.

Nem sempre, as primeiras consultas de uma criança ao dentista são tranquilas ou amistosas. Meninos e meninas resistem e, às vezes, choram assustados. É natural que não se sintam à vontade em um ambiente estranho e com pessoas que jamais viram. Mas a relação do dentista com os novos pacientes pode ser bem diferente.

Campanhas educativas e propagandas na mídia reforçam a importância do cuidado com a boca e com os dentes. A prevenção é fundamental, por meio de uma escovação eficiente, de consultas regulares ao dentista e da utilização de produtos que higienizam a boca.

Odontólogos que optaram por atender apenas crianças, investem em recursos para atraí-las, desmistificando a figura do dentista e afastando o medo ainda presente em algumas. Os consultórios são cada vez mais modernos, coloridos, com brinquedos e recursos de áudio e vídeo, que possibilitam maior interação entre o profissional e o paciente. A descrição didática do dentista à criança sobre os procedimentos que estão sendo feitos acaba fazendo com que elas não achem as explicações cansativas e aprendam melhor sobre a importância e os cuidados que devem ter com os dentes.

A odontopediatra Betinne Erdmann Severo conta que motivar a criança a cuidar da boca e dos dentes é um processo multiplicador, pois ela leva os ensinamentos para o resto da vida e os dissemina entre os familiares.

Entre os avanços da odontologia e da odontopediatria em especial, pode ser destacada a educação do paciente como princípio da prevenção. No entanto ações já foram tomadas em larga escala — e ainda são aproveitadas —, como a adição de flúor na água de abastecimento. A cárie, uma doença infectocontagiosa, necessita para se desenvolver da bactéria, de uma dieta rica em sacarose e do dente. Boa higienização bucal após as refeições, alimentação regrada e utilização de flúor são três medidas simples que afastam a cárie e garantem uma boca saudável e o sorriso perfeito que os pais sonham para seus filhos.

— O controle alimentar e a rotina nos horários de alimentação, com posterior escovação, garantem saúde bucal para o resto da vida — enfatiza Betinne.

Dicas simples para uma boca mais saudável

Problema muito comum em crianças, a cárie é uma doença infecciosa, transmissível e multifatorial. A Streptococcus mutans, bactéria causadora do mal, pode ser transmitida da mãe para o filho pelo contato direto. Por isso, não se deve soprar a comida do bebê nem experimentá-la com o talher que ele vai comer.

Com o nascimento dos primeiros dentinhos, é hora de retirar gradativamente a mamadeira e introduzir alimentos sólidos na dieta. Nessa fase, evite bater os alimentos no liquidificador para incentivar os movimentos mastigatórios. Água, sucos e outros líquidos devem ser tomados no copo para estimular o movimento de sorver. Alterne colher, canudo e caneca para exercitar vários músculos da face. A cárie de mamadeira acomete os dentes de leite. Elas provocam dor e dificuldade de alimentação, comprometendo o peso e a estatura dos pequenos. As mamadeiras adoçadas demais e oferecidas durante a noite são as grandes vilãs do mal nas crianças.

Escovação bem feita

:: Mesmo antes dos primeiros dentinhos começarem a aparecer, a higiene bucal na criança já deve ser feita. Deslize o dedo indicador, enrolado em uma gaze umedecida com água filtrada ou fervida, pela gengiva do bebê, para retirar resíduos de leite e de outros alimentos. Quando a criança apresenta um ou mais dentes, escovas especiais podem ser utilizadas, apenas com água. Escolha as extra macias e com a cabeça pequena, que alcance até os dentes que ficam mais ao fundo. Todas as superfícies aparentes dos dentes devem ser limpas, com suavidade. A língua também.

Comer e escovar os dentes

:: A escovação após a ingestão de alimentos é fundamental para a saúde bucal. Não é necessário proibir alguns tipos de comida, mas sim organizar as refeições em horários apropriados. Crianças que ainda mamam mas já têm dentes, o que começa a ocorrer por volta dos seis meses, também precisam fazer a higiene após se alimentarem. A recomendação também vale para quem toma remédios açucarados. No entanto, a prática deve ser feita por um adulto e, ao passo que a criança for aprendendo, pode assumir a tarefa de escovar os próprios dentes, sob a supervisão de um responsável.

Escolha do creme dental

:: O creme dental pode começar a ser introduzido quando a criança já tiver quatro dentes na boca. Contudo, é importante ficar alerta ao tipo de produto utilizado. Quando seu filho tiver de um a três anos, recomenda-se a adoção de cremes sem flúor. Com mais de três anos, se a criança souber cuspir, pode ser usada a pasta de dente com flúor. Isso porque, quando os dentes permanentes estiverem em formação dentro do osso, a ingestão de flúor pode causar manchas esbranquiçadas. A quantidade de creme dental para uma escovação é semelhante ao volume de um grão de ervilha.

Visita ao dentista

:: Ao nascerem os primeiros dentes, as crianças já podem ser levadas a um dentista. O objetivo desse primeiro contato é que os pais sejam orientados quanto à higiene e, se necessário, a fazer mudanças na dieta dos filhos. As revisões devem ser realizadas a cada seis meses. A procura por um ortodontista, muitas vezes, é indicada pelo profissional que acompanha a criança. Às vezes, é necessário iniciar um tratamento na dentição decídua (dentes de leite) para corrigir problemas que possam se tornar mais complexos na dentição permanente.

Utilização do fio dental

:: Uma higiene bucal completa não é feita apenas com escova e creme dental. Há outros componentes que ajudam na limpeza da boca. Um exemplo é o fio dental, que deve ser utilizado, pelo menos, duas vezes ao dia. Mas é importante o acompanhamento do processo, pois o uso incorreto pode cortar a gengiva. Um pedaço do fio, enrolado nos dedos, deve ser passado ao redor da base de cada dente e chegar à gengiva, removendo os resíduos de alimentos e a placa bacteriana, e não empurrando o alimento para dentro da gengiva.

Uso do antisséptico bucal

:: O antisséptico bucal pode ser usado por crianças a partir de seis anos, que sabem cuspir e têm noção de quantidade. Ele tem como objetivo matar os germes que causam a gengivite, a placa bacteriana e o mau hálito. Reduz a placa onde a escova de dente não alcança. Os produtos voltados ao público infantil apresentam em sua embalagem marcas dosadoras, indicando a quantidade a ser utilizada, de acordo com a faixa etária. A utilização é diária, principalmente à noite, com supervisão dos pais ou responsáveis para que não haja ingestão.

Com informações do Caderno Meu Filho ZH.
Foto: Ricardo Duarte/Agência RBS.

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