sexta-feira, 3 de maio de 2013

Xampu: qual o ideal, com ou sem sal?



De tempos em tempos, surge uma tendência no mercado de cosméticos para cabelos. Se antes a praticidade do xampu 2 em 1 e do gel para manter os penteados causava frisson, hoje em dia estão no auge do sucesso os produtos ditos não agressivos, aqueles que têm o compromisso de proteger as madeixas de intempéries como poluição, sol, ar seco e cigarro. E, nessa linha, o grande destaque das prateleiras é o xampu sem sal, que, com a promessa de preservar os fi os, ganha espaço em pontos de vendas e salões de beleza. "Sem dúvida, o xampu sem sal conquista cada vez mais consumidores", nota Alessandra Rebouças, coordenadora de desenvolvimento de produtos da Unilever, fabricante da marca Seda. "Hoje, o fato de um xampu ser sem sal é considerado pelas pessoas um grande diferencial", corrobora Maria Silva, química da Kush Laboratories do Brasil, laboratório responsável pela marca Truss.

Mas, antes de mergulhar de cabeça, e madeixas, na nova onda, convém primeiro desfazer uma eventual confusão: o sal da fórmula do xampu não é o mesmo usado no preparo de alimentos. Pode-se dizer que eles são parentes. "Ambos recebem o mesmo nome, cloreto de sódio. Porém o sal usado nos cosméticos para cabelos não contém iodo, o que o torna mais puro", explica o tricologista, profissional que estuda o couro cabeludo, Valcinir Bedin, diretor do Instituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pele, em São Paulo.

Nas formulações da indústria de cosméticos, o cloreto de sódio é usado para dar viscosidade, agindo como um espessante. "Ele confere a consistência necessária para que o produto não escorra quando colocado nas mãos", explica a dermatologista Denise Steiner, de São Paulo. Então, seria só isso o que as versões sem sal teriam de diferente pra valer? As respostas dividem os especialistas.

Xampu sem sal
Ele protege na medida certa e por isso pode ser usado em todos os tipos de cabelo.

Xampu com sal
Uma pitada de cloreto de sódio faz diferença na viscosidade do produto.

Para Luciano Barsanti, diretor médico do Instituto do Cabelo, em São Paulo, são muitas as vantagens de um produto sem esse componente. "A versão com sal desidrata os fios, deixando- os secos e sem brilho e maciez", defende. Isso porque ele depositaria, na superfície do couro cabeludo, microcristais do mineral, responsáveis por potencializar a ação negativa dos raios ultravioleta. Esses microcristais funcionariam como uma espécie de lente de aumento dos raios, agravando o processo de ressecamento.

Para completar o estrago, o cloreto de sódio é acusado de remover em demasia a gordura natural dos cabelos, uma espécie de barreira protetora produzida pelas glândulas sebáceas da pele. Em excesso, essa gordura deixaria os fios oleosos e sem brilho. Sua deficiência, porém, provocaria secura e desidratação. E é exatamente aí que residiria a vantagem do xampu sem sal: retirar a oleosidade das madeixas de forma equilibrada, deixando-as protegidas na medida certa.

Por esse motivo, o xampu sem sal poderia ser usado para tratar todos os tipos de cabelo, em especial os ondulados, que se ressecam com maior facilidade. "Por ter a superfície reta, o cabelo liso absorve água em toda a sua extensão. Os cacheados, por sua vez, retêm o líquido nas curvas, o que impede a hidratação total dos fios", explica Barsanti.

Mas há quem diga que a nomenclatura "sem sal" não passa de uma estratégia de marketing. Os defensores desse argumento observam que os pequenos percentuais de cloreto de sódio presentes nas formulações, que variam de 0,2 a 0,6%, não interferem tanto na lavagem. "A ideia de que o xampu com sal resseca o cabelo está relacionada aos efeitos da água do mar, também composta de cloreto de sódio. Mas o que muitos não levam em conta é que a água do mar é muito mais salgada", compara Alessandra Rebouças. O professor do curso de visagismo e terapia capilar da Universidade Anhembi Morumbi, Celso Martins Júnior, concorda: "O xampu sem sal não traz benefícios diferentes daqueles que podem ser obtidos com bons xampus com sal. É ilusão acreditar nisso".

A verdade é que são muitos os fatores responsáveis por danificar os cabelos. Além do calor, seu principal agressor, temos a baixa umidade do ar e os procedimentos químicos, como alisamentos e colorações, que, quando não realizados corretamente, lesionam a cutícula, estrutura externa dos fios. "Precisamos avaliar tudo isso antes de sair colocando a culpa nos xampus", opina o dermatologista Francisco Le Voci, do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista. Agora é com você. Sem sal ou com sal: que tal fazer um teste?

Com informações do site Saúde.

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