terça-feira, 23 de abril de 2013

Pratique exercícios físicos de forma moderada



O equilibro é fundamental em diversas situações do dia a dia, inclusive na prática de atividade física. O excesso de exercícios pode transformar o que seria um hábito saudável em um grande risco para o corpo, não só para a musculatura, como também para o sistema cardiovascular.

“O exagero é o que chamamos de síndrome do excesso de treinamento, quando a pessoa treina sem parar para ter resultados melhores, o que na maioria das vezes não acontece”, alerta o cardiologista e especialista em medicina do esporte Nabil Ghorayebx.

Foi o que aconteceu com Priscilla Nasrallah, de 31 anos. Em novembro de 2012, ela começou a perceber que seu corpo já não estava mais respondendo aos treinos e decidiu ir ao médico. “Eu nunca tinha competido e, do nada, decidi que queria ser triatleta. Treinava duas vezes por dia, todos os dias, e buscava um resultado rápido. Às vezes, achava que estava só com preguiça, mas a verdade é que meu corpo não estava mais aguentando”, lembra.

De acordo com o médico Nabil Ghorayeb, por causa do excesso de treinamento, começam a ocorrer mudanças no organismo do paciente. “O corpo passa a produzir hormônios de uma maneira errada. Além disso, o coração fica acelerado o tempo todo, mesmo em repouso”, afirma. As consequências começam a aparecer também no dia a dia e o paciente pode começar a ficar mais irritado, com insônia e até com a imunidade mais baixa.

“Com a defesa mais baixa, ele começa a ter mais facilidade para pegar infecções. Outro problema é em relação ao sangue, que pode ficar mais grosso, o que pode levar a um infarto do miocárdio ou a um derrame cerebral, por exemplo. Além do risco de arritmia e até parada cardíaca”, ressalta o médico. Fora isso, o atleta começa a perder rendimento e, por isso, passa a se cobrar cada vez mais. “É algo inconsciente. Ele faz um tempo ótimo e acha que está mal”, exemplifica Nabil.

Segundo a psicóloga Leila Cury Tardivo, a vontade de fazer cada vez mais exercício físico pode ser comparada a uma compulsão. “É uma atitude repetitiva associada a uma ideia obsessiva de querer ficar forte ou magro. Então a pessoa “vicia”, o que pode trazer danos também para sua saúde mental”, explica. Leila esclarece ainda que uma das causas do excesso de exercício pode ser uma distorção da imagem que a pessoa tem de si mesma. “A pessoa não se vê com o corpo bonito, então é como se ela tivesse uma ordem na cabeça dizendo para não parar”, diz a psicóloga.

No caso de Priscilla, essa cobrança e o estresse foram duas grandes dificuldades. “A orientação médica era para que eu parasse, mas eu não conseguia. A cabeça influenciava muito e eu ficava me cobrando, pensando que precisava treinar”, lembra. Segundo Gustavo Magliocca, médico do esporte que acompanhou o tratamento de Priscilla, o problema do excesso pode se agravar ainda mais por causa de maus hábitos alimentares, privação do sono e também erros nas cargas do exercício.

“Para um organismo não bem controlado, o excesso pode gerar uma fadiga, que pode ser uma simples dor muscular de 2 horas ou até um quadro que dura 2 semanas”, explica Gustavo. Por causa da diminuição da imunidade, Priscilla acabou desenvolvendo uma pielonefrite, infecção no trato urinário. “Fiquei internada na época”, lembra.

Para reverter o quadro, o tratamento é “parar tudo”, como explica o cardiologista Nabil Ghorayeb. “Tem que recomeçar quase do zero. Nesse momento, é importante ter um educador físico qualificado e também acompanhamento médico”, recomenda.

Priscilla, que está em processo de recuperação desde dezembro de 2012, conta que já voltou a se exercitar, mas em um ritmo bem menor. “Quando voltei a correr, não conseguia. Era um desespero porque estava acostumada a correr 9 km e não conseguia mais correr nem 3 km”, lembra.

Seja na recuperação da síndrome de excesso de treinamento ou na atividade física do dia a dia, a dica principal é sempre dar um descanso ao corpo. “Toda pessoa que começa um exercício físico, deve ter uma meta gradual e progressiva para evitar lesões e outros quadros mais graves”, alerta o médico do esporte Gustavo Magliocca. Segundo ele, quanto mais intenso for o treino, maior deve ser o período de descanso e intervalos.

Para o cardiologista Nabil Ghorayeb, a principal recomendação é sempre praticar atividade física, qualquer que seja, com orientação e moderação. “Tem que ter limite nos treinos e também no descanso”, defende o médico.

Em relação à saúde mental, a psicóloga Leila Cury Tardivo explica que há um trabalho de recuperação que pode envolver psicoterapia e até acompanhamento de um psiquiatra. “Tem que entender o que a pessoa está buscando, qual o tipo de perfeição que ela quer. Às vezes, o tratamento é feito inclusive com antidepressivos”, diz.

Ainda se recuperando, Priscilla alerta que o mais importante é sempre prestar atenção aos sinais que o corpo dá. “É fácil ignorar porque a gente sempre quer se superar, mas o corpo fica debilitado e não pode deixar a cabeça passar por cima disso”, aconselha. Ela diz que ainda tem dificuldade de entender que o corpo ainda está em recuperação. “É complicado. Mas não posso fazer o exercício físico virar uma obrigação. Se você não for um atleta, tem que ser sempre um prazer”, conclui.

Com informações do site G1

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