quinta-feira, 4 de abril de 2013

Atividade física para os jovens, uma aliada do crescimento



De décadas atrás para cá, dois paradigmas com relação aos adolescentes foram quebrados. O primeiro é o de que problemas como diabete tipo 2, colesterol alto e hipertensão quase nunca atormentariam meninos e meninas. O segundo é o de que essa população não deveria nem pensar em levantar peso. "Hoje, muitos jovens obesos e sedentários chegam ao consultório com sinais dessas doenças", diz Maurício de Souza Lima, hebiatra do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Uma das alternativas para evitálas ou ao menos controlá-las é justamente os enviar à academia", sentencia.



Um estudo da Universidade de Granada, na Espanha, confirma o efeito benéfico dos exercícios de força na prevenção do diabete. Após avaliar 1 053 voluntários entre 12 e 18 anos, os cientistas descobriram que músculos bem condicionados facilitam o trabalho da insulina, a responsável por tirar açúcar da circulação e colocá-lo dentro das células. Já braços e pernas fracos não raro vêm acompanhados de certo grau de resistência ao hormônio, indicativo de que a enfermidade está à espreita. "A massa muscular consome bastante combustível. Isso, fora diminuir as taxas de glicose, melhora a ação da insulina", explica o educador físico David Jiménez Pavón, autor do artigo. 



Em outro levantamento, o mesmo especialista revelou que bíceps, tríceps e companhia em forma estão associados a um bom funcionamento da leptina no corpo da garotada. "Essa substância regula o apetite. Portanto, ao menos em teoria, os treinos de força podem ajudar adolescentes a não comer além da conta", arremata Jiménez Pavón. Uma vantagem muito bem-vinda, principalmente quando se considera que, segundo a mais recente pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, 47% dos brasileiros entre os 12 e os 18 anos sofrem com sobrepeso. 



A malhação já foi acusada de deixar a molecada baixinha. E isso até acontece, mas não por causa dos movimentos em si, e sim devido a uma intensidade elevada demais. "O excesso de carga, não importa o tipo de atividade, causa microtraumas nos ossos, o que pode interromper o crescimento ou provocar deformações", avisa Vinícius de Mathias Martins, ortopedista do Hospital São Luiz, na capital paulista. "Sem contar que um corpo ainda imaturo fica especialmente sujeito a lesões se submetido a atividades pesadas", completa Isabel Salles, fisiatra e coordenadora do Serviço de Reabilitação do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. 



Na contramão, quando supervisionada por educadores físicos qualificados, a musculação ajuda no desenvolvimento saudável dessa turma. Tanto que a Academia Americana de Pediatria atesta que inclusive pré-adolescentes - se gostarem da modalidade, estiverem amadurecendo sem problemas e forem avaliados por um médico - podem frequentar as salas de ginástica. "Isso não quer dizer que eles precisem levantar peso. O importante é não ficarem parados. Vale pular corda, jogar bola, escalar árvore...", ressalta Maurício de Souza Lima. 



Os exercícios resistidos, na medida ideal, acarretam benesses para o esqueleto que se estendem à vida adulta. "Essas atividades aumentam a densidade óssea, diminuindo o risco de, no futuro, o indivíduo ter osteoporose", ensina Christiano Bertoldo Urtado, fisiologista da Unicamp. Isso sem falar que deixam a musculatura equilibrada, trazendo uma melhor coordenação e afastando as contusões. 



Só fique de olho se o adolescente vai à academia pelas razões certas - ou seja, pelo bem-estar e por se divertir com outras pessoas. Dar muita atenção à estética, nessa fase, costuma terminar em exageros que, como você viu, não fazem nada bem. E, de quebra, contribui para disseminar o conceito errado de que a musculação sabota o desenvolvimento. Muito pelo contrário. 


Existem jovens que não gostam das práticas oferecidas nas academias. Nesses casos, forçá-los a entrar nesse ambiente só trará um vínculo negativo com os exercícios. "Dá para fortalecer a musculatura com atividades específicas dentro do esporte favorito de cada um. Basta um bom orientador", garante Christiano Bertoldo Urtado, fisiologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista.


Efeito nos músculos: 



Cérebro treinado
A musculação e outras atividades físicas estimulam na hipófise - estrutura no meio da massa cinzenta - a produção de GH, que é o hormônio do crescimento.


Uma viagem pelo corpo
O GH, então, perambula pela circulação sanguínea até chegar ao fígado. Lá, manda esse orgão fabricar IGF, um hormônio que, entre outros destinos, vai aportar nos músculos. 



Musculatura desenvolvida
O IGF, ao chegar a esse tecido, patrocina o crescimento de suas fibras. Além disso, novas células são criadas na região, deixando a musculatura mais comprida. 

Efeito nos ossos:


Esqueleto em obras
O hormônio GH e o próprio trabalho dos músculos ativam os osteoblastos dentro do disco epifisário, uma espécie de cartilagem localizada no interior dos ossos longos dos jovens. 


Construção do arcabouço
Os osteoblastos, aí, calcificam aos poucos parte dessa cartilagem, aumentando o tamanho dos ossos no sentido longitudinal.

Com informações do site Saúde

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