segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Floricultura do CE quer exportar US$ 5,5 mi

As vendas externas do segmento de flores no Brasil atingem, em média, a cifra de US$ 37 milhões por ano

Mesmo com sérios problemas de logística, o segmento de flores do Ceará deverá registrar números superiores em 2010, em comparação com os dois anos anteriores. As exportações podem chegar ao equivalente a cerca de US$ 5,5 milhões, conforme projeção do presidente da Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais do Estado, Gilson Gondim, que afirma que o setor está retomando força este ano. Em 2009, quando a floricultura amargou os efeitos da crise financeira mundial, perdendo mercado na América do Norte e Europa, a cifra exportada ficou em US$ 4,5 milhões. Em 2008, de acordo com Gondim, houve um desempenho melhor, com US$ 4,5 milhões em flores vendidas ao exterior.

Gondim enumera as dificuldades no transporte como o principal entrave para um maior desenvolvimento do setor no Ceará. Conforme reclama, o segmento não possui uma logística especial para levar os produtos aos principais destinos. "É complicado, porque não existe avião cargueiro. Toda flor ornamental que sai daqui para Europa e para os Estados Unidos vai em avião de passageiros. Isso cria um problema, porque, quando o avião está com muito peso, o comandante pode optar por não levar o produto. E nós sofremos um prejuízo imenso", lamenta. Ele afirma que, nesses casos de perda, existe uma indenização assegurada, a qual chama de "ínfima". "A questão é que, além do lado financeiro, isso enfraquece a relação comercial com o cliente", diz.

No caso de cargas para Amsterdã, o preço do frete é de US$ 2 por quilograma transportado. No entanto, o floricultor paga R$ 11 (cerca de US$ 6,2) para a mesma quantidade de flores em trânsito para outros estados brasileiros. A Holanda importa 70% da mercadoria cearense destinada ao exterior. Outros 20% se dirigem aos Estados Unidos, principalmente para Miami. Portugal, França e Espanha completam a lista dos principais compradores do produto.

Gondim afirmou que o setor está se organizando para viabilizar o transporte de flores. Segundo conta, em datas especiais, como o Dia das Mães e o Dia dos Namorados, muita mercadoria acaba não embarcando.

Cifras

As exportações brasileiras do segmento atingem, em média, US$ 37 milhões anuais. Acima do Ceará, está apenas o estado de São Paulo, com US$ 15 milhões. Os líderes nesse mercado são Costa Rica e Equador, que exportam, respectivamente, US$ 250 e US$ 400 milhões.

Nos próximos anos, a produção de flores e plantas ornamentais no Estado deve crescer a uma média de 20% anuais, ultrapassando a marca de US$ 10 milhões em 2015.

Para não ser tão afetado em momentos de crises internacionais, segundo Gondim, é necessário impulsionar também o mercado interno, um dos maiores desafios do segmento. "Temos que abrir o mercado local. Já conseguimos alguns avanços como a diversificação dos pontos de venda, por exemplo. Hoje é possível encontrar plantas ornamentais e flores até em supermercados", comenta.

Consumo per capita

De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), a média anual de consumo de flores e plantas ornamentais no Brasil é de R$ 13,00 a R$ 15,00 por pessoa, muito abaixo do consumo per capita europeu, que é de US$ 70,00 por habitante/ano. O Brasil possui cerca de 5,1 mil produtores de plantas e flores de todos os tamanhos responsáveis pelo cultivo de quase oito mil hectares.

Crescimento e Perspectivas

A ampliação do mix de produtos e maior eficiência da cadeia produtiva nacional de flores e plantas ornamentais são alguns dos motivos que têm levado o mercado interno a crescer. Para 2010 a previsão é chegar a um volume 11% maior que em 2009, mas com grande chance de ser superado, pois entre janeiro e abril últimos, o crescimento foi de 13%, índice alavancado pelas vendas antecipadas do Dia das Mães. O clima de otimismo e o resultado apurado até aqui são fruto do esforço da profissionalização do setor, em todas suas etapas: da produção ao consumidor final.

MUNDIALMENTE
Setor movimenta US$ 18 bilhões. No Brasil, o varejo gira em torno de R$ 2,6 bilhões, mas tende a crescer, dado o baixo consumo per capita

O setor de floricultura movimenta mundialmente US$ 18 bilhões (base mercado produtor) e US$ 54 bilhões (base mercado consumidor). No Brasil, os números no varejo giram em torno de R$ 2,6 bilhões. O mercado produtor movimenta R$ 700 milhões e o atacadista R$ 1,1 bilhão. E ainda tem espaço para crescer, dado o baixo consumo per capita, quando comparado ao dos países desenvolvidos e até de vizinhos sul-americanos.

Pelo menos 95% de toda a produção brasileira de flores e plantas é destinada ao mercado interno, que tem se reinventado nos últimos anos. Na nova realidade, nota-se um aumento no número de decoradores, os supermercados e garden centers ampliam sua participação e as floriculturas tradicionais investem em serviços, atuando inclusive na área de paisagismo.

Vendas externas

Apesar de ter mantido o ritmo de crescimento do início da década, desde a valorização do real frente ao dólar o mercado exportador perdeu competitividade. De 2008 para 2009 a queda foi de 14%, principalmente em função da crise em mercados compradores tradicionais, como EUA e Holanda. A boa notícia vem da Ásia. Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações de mudas de orquídea para o Japão aumentaram mais de 240%, fato que transformou o país asiático no principal comprador deste subsetor. A Polônia também ampliou suas compras no mercado brasileiro. A exportação de mudas de plantas ornamentais para o país do leste europeu cresceu 259,49%.

"O setor de flores e plantas ornamentais espera crescimento de 10% no faturamento bruto em 2010", afirmou o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais do Brasil, Renato Opitz, durante reunião, em Brasília. Ele acrescentou que o setor faturou R$ 750 milhões, em 2009, e deve alcançar R$ 825 milhões neste ano.

Mais acessíveis

Optiz atribui esse crescimento à recuperação da economia mundial e melhoria na qualidade e acesso ao mercado de flores. "Nosso produto está cada vez melhor, mais cidades brasileiras estão comercializando flores e plantas ornamentais. Isso acontece, em grande parte, pelo aumento da oferta em supermercados e grandes redes comerciais ", explica. O presidente da Câmara Setorial defende, ainda, que as flores fiquem mais baratas e acessíveis.

São Paulo é responsável por 75% da produção de flores e plantas ornamentais e por mais de 50% do consumo nacional. Apenas 5% do que é produzido segue para países como Estados Unidos e Japão. As flores mais vendidas no Brasil são as rosas e, no caso das plantas envasadas, as orquídeas.

Fonte: Diário do Nordeste

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