segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Hora de mudar!
Comer mais legumes nas refeições, acordar mais cedo, voltar para a academia... Se você está entre as que já deixaram as resoluções do Ano-Novo no meio do caminho, não precisa se martirizar. A dificuldade que todo mundo tem para adotar um novo hábito é culpa do cérebro. "Hábitos são ações que fazemos de maneira automática, sem pensar", explica Marcello Árias Danucalov, doutor em psicobiologia e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Só que, uma vez estabelecidas, as conexões cerebrais criadas pelo hábito não vão embora - o que é útil para o aprendizado de ações rotineiras, como escovar os dentes -, mas um problema quando o costume adquirido não é saudável.
Se a gente fosse condicionada apenas pela fisiologia, essa seria a desculpa perfeita para enterrar de vez nossas metas. Mas não é bem assim. Temos liberdade para fazer escolhas. E, se um hábito não pode ser apagado, ele pode ser substituído desde que se consiga sair do piloto automático. "Persistir em um hábito ruim é como abrir mão da razão. Para alterar um comportamento, é necessário pensar sobre os motivos que o justificam", ensina Árias.
O jornalista norte-americano Charles Duhigg chegou à mesma conclusão após se aprofundar em pesquisas que resultaram no best-seller O Poder do Hábito (Editora Objetiva). Segundo ele, todo hábito arraigado gera algum tipo de recompensa emocional, mesmo quando reconhecemos a necessidade de mudar. Identificar a razão por trás do comportamento é a chave para alterá-lo.
Uma coisa de cada vez
"Não nos libertamos de um hábito atirando-o pela janela. É preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau", teria dito o escritor norte-americano Mark Twain. O professor de educação física Timóteo Araújo, assessor técnico do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs), concorda. Ele diz que é mais fácil desistir no meio do caminho quando a meta é fazer uma mudança radical. Araújo defende que se encare um processo gradual, baseado no chamado "modelo transteórico", criado pelo psicólogo norte-americano James Prochaska. Segundo ele, o processo de adoção do novo hábito passa por cinco fases, que vão desde a negação da necessidade de mudança até a consolidação do novo comportamento.
Se a ideia é evitar escorregões capazes de tirar você do caminho, tão importante quanto se dispor a fazer mudanças é pensar sobre elas. "Reflita se realmente deseja que aquilo aconteça e por quê. Também é bom planejar antes como será a mudança", diz Marcelo Quirino, psicólogo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O período crítico do processo - em que desistir é uma tentação constante - depende de vários fatores, como a motivação pessoal, o contexto socioemocional e o tipo de mudança pretendido. As primeiras três semanas costumam ser as mais difíceis.
Segundo um estudo publicado em 2010 pela pesquisadora Phillippa Lally, da University College London, na Inglaterra, um novo hábito torna-se automático em 66 dias, em média. O professor Marcello Árias é mais cauteloso: ele estima que sejam necessários de seis meses a três anos para a consolidação de um costume.
Para evitar desistir durante o processo, podemos recorrer a estratégias mentais. "É fundamental trocar um pensamento que gera emoção negativa por outro de carga positiva. Em vez de nunca vou conseguir, reforce a ideia de que posso conseguir se persistir", ensina Quirino. Também ajuda focar-se no resultado e nos benefícios que virão depois do estabelecimento do novo hábito, tanto para a aparência e a saúde quanto para os relacionamentos e até para o desempenho profissional. Vamos nessa?
5 passos para um novo hábito
Saiba mais sobre o método que ajuda a consolidar mudanças de comportamento. Com ele, fica mais fácil incorporar as práticas saudáveis no seu dia a dia:
Etapa 1. Pré-contemplação ou diagnóstico
Nessa fase, você precisa detectar o que não está correndo da maneira como gostaria na sua rotina. Você se sente cansada? Estressada? Tem problemas com o peso? Os relacionamentos profissionais e familiares não vão muito bem? É o momento de refletir sobre a necessidade de programar mudanças para viver melhor.
Etapa 2. Contemplação ou reconhecimento
Você já considera a necessidade de mudança, mas ainda arruma mil desculpas para não fazê-la? Antes de seguir adiante, avalie quais são as recompensas emocionais que tem com o estilo de vida atual e quais são as reais motivações para mudar. Vale fazer uma lista com essas informações para comparar.
Etapa 3. Preparação ou planejamento
Agora é o momento de estabelecer um plano, com metas e prazos definidos para alcançá-las. Crie condições favoráveis à adoção do novo hábito. Talvez você precise incluir nessa fase pequenas mudanças comportamentais que serão decisivas, como contar o número de calorias que ingere ou tirar a TV do quarto se pretende dormir mais cedo.
Etapa 4. Ação
Dependendo do tipo de mudança almejada, pode ser necessária alguma ajuda externa, de um psicólogo, preparador físico, nutricionista ou mesmo de amigos que possam motivá-la a seguir em frente. Vale recorrer a aplicativos, redes sociais e até grupos de ajuda. Outra dica: faça um diário para você anotar como se sentiu durante a nova atividade e as conquistas alcançadas.
Etapa 5. Manutenção
Você chegou à fase final, quando o novo hábito já dá prazer e foi incorporado à rotina. É um momento desafiador: relaxar agora pode abrir uma brecha para que velhos hábitos reapareçam.
Recaída: É um evento possível e previsto no processo de mudança. Não se torture, mas fique alerta: retome o plano imediatamente, com ainda mais afinco.
Fonte: M de Mulher
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